Lopifit: a bicicleta que caminha — e transforma a mobilidade urbana

Por Wallace Cardozo
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Em uma era em que e‑bikes se multiplicam e scooters tomam as ruas, uma invenção holandesa resolveu romper qualquer padrão: a Lopifit, uma bicicleta‑esteira elétrica que exige caminhar para se mover. Longe de ser uma curiosidade de feira tecnológica, o modelo já circula em diversos países e propõe uma redefinição da mobilidade pessoal sob três fundamentos: saúde, praticidade e inovação ecológica.
A concepção da Lopifit é original: não há pedais nem banco. Em vez disso, os usuários caminham sobre uma plataforma semelhante a uma esteira, ativando um motor elétrico de aproximadamente 350 W alimentado por uma bateria de íon‑lítio de 46 V e 16 Ah (≈960 Wh em algumas versões), que permite autonomia entre 50 km e 70 km por recarga. O sistema acelera suavemente à medida que você caminha, mantendo uma velocidade que pode chegar a 25 km/h.

O sistema de transmissão utiliza engrenagens Shimano (até 6 marchas) e um sensor que captura o movimento da esteira: ao caminhar, o usuário aciona o motor; ao parar, a propulsão cessa. Na descida, um modo de roda livre permite coasting sem esforço. Os freios de disco garantem segurança, e a construção com quadro de aço revestido em pintura anticorrosiva confere robustez ao modelo, mesmo sendo significativamente mais pesado que uma e‑bike comum (cerca de 50 kg).

A eficiência dessa mecânica resulta em benefícios tangíveis: a Lopifit combina caminhada em ritmo confortável (≈ 5 km/h) com velocidades de bicicleta, facilitando deslocamentos curtos sem suar ou depender de instalações fitness. Ela promove exercício cardiovascular de baixo impacto — ideal para pessoas com limitações articulares ou que preferem caminhar ao pedalar tradicionalmente.
Do ponto de vista técnico, a inédita fusão de esteira e propulsão motorizada exige equilíbrio entre potência, ergonomia e disciplina operacional. A assistência motora depende da movimentação constante da esteira, e as baterias de alta densidade devem manter não apenas a autonomia, mas a segurança térmica em uso prolongado, com controle eletrônico de temperatura.

Em termos de mobilidade sustentável, a Lopifit oferece uma alternativa interessante para trajetos urbanos curtos ou recreativos: reduz emissões, promove atividade física e amplia o leque de soluções elétricas para o ambiente urbano. Ela dialoga especialmente com modelos de deslocamento individual consciente — alternativas ao carro, ao trote urbano ou à bicicleta tradicional.
A trajetória da Lopifit, desde a ideia de um holandês que quis levar a esteira para a rua até sua distribuição global, representa um olhar radicalmente diferente sobre transporte urbano: menos sobre o quanto pedalamos e mais sobre como caminhamos, ainda que com velocidade e assistências elétricas. Uma reinterpretação que levanta questões: e se a mobilidade do futuro se mover de forma mais orgânica, híbrida e humana?