P1, a scooter que leva o “elétrico urbano” ao estado da arte
Por Erik Perin
Assuntos
Compartilhe com seus amigos
A Infinite Machine não desenhou apenas uma scooter; compôs um sistema. A P1 nasceu para aquele miolo da cidade em que um carro é excesso e um patinete é pouco. O pacote técnico dá o tom: motor hub traseiro de 6 kW (com pico próximo de 12 kW), bateria removível de 72 V com pouco mais de 3 kWh úteis, autonomia real de ~96 km em uso urbano, velocidade máxima entre 88 e 105 km/h (dependendo do modo e do lote) e aceleração sem engasgos, o tipo de entrega que transforma faixa da direita em pista de fluidez. Em vez de “mais do mesmo”, a P1 traz quatro modos que mudam o caráter do trem de força (Eco, Performance, Reverse e Turbo/Boost), freio regenerativo modulável e uma experiência de comando coesa: ao torcer o punho, o inversor responde sem histerese, o hub empurra com silêncio e a telemetria cruza consumo, temperatura e potência para manter o conjunto na faixa ideal de eficiência.

O segredo prático está na arquitetura de baixa tensão com alta corrente, típica de scooters sérias,, casada a uma bateria que sai na mão: dá para subir com o “tanque” ao apartamento, carregar na tomada e voltar com ~60 milhas a bordo. Para quem mede cidade em tempo e não em quilômetros, isso significa reabastecer com logística de mochila, não de garagem. A eletrônica fala a língua do cotidiano: painel com integração nativa a smartphone (navegação, chamadas, música, notificações), trava e alarme no software, modos de potência que respeitam chuva e piso ruim, e uma ergonomia projetada para virar no diâmetro curtíssimo e estacionar “à francesa”, a 90°, entre carros. A carenagem “brutalista” é mais do que pose: quinas largas e estrutura interna reforçada protegem o pack e o hub do tipo de pancada boba que costuma virar oficina em scooters frágeis; por baixo, o BMS cuida de SoC/SoH, balanceia células e corta o circuito se algo foge do script, o tipo de inteligência discreta que evita o drama e prolonga a vida útil.

Do lado do usuário, a P1 resolve três dores crônicas da micromobilidade. A primeira é previsibilidade: a combinação de bateria removível, carga doméstica e curva de DC moderada para quem usar base de rua elimina o fantasma do “e agora?”. A segunda é segurança funcional: componentes auditáveis, proteção térmica e ciclo de testes em padrões de mercado, em vez de soluções improvisadas. A terceira é serviço: é uma scooter pensada para ter rede de suporte e peças com rastreabilidade, algo raro num segmento onde o pós-venda costuma ser um fórum. Some-se a isso o preço “de objeto de desejo”, acima do miolo das citadinas, abaixo de motos elétricas premium, e temos uma proposta que aposta menos no barato pelo barato e mais em TCO convincente: energia a custo unitário baixo, manutenção quase nula (nada de óleo, válvulas, embreagem) e software que previne, antes de corrigir.

No fim, o que faz a P1 parecer “diferente” não é só o desenho de ficção científica. É a soma de escolhas de engenharia que encurtam o caminho entre showroom e rotina: bateria que vira mala, modos que fazem sentido, painel que evita gambiarras, chassi que aguenta calçada ruim e um motor que traduz eletricidade em movimento sem drama. A estética chama; a logística fica.