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Autopropelidos: o avanço lógico sobre a combustão

Brenda Lopes
14 de agosto de 2025
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O debate sobre a mobilidade do futuro não é mais uma questão de “se”, mas de “quando” e “como”. Dentro desse cenário, os autopropelidos – veículos elétricos de duas rodas que dispensam combustíveis fósseis – surgem não apenas como alternativa, mas como evolução natural das motocicletas convencionais.

Ao contrário das motos a combustão, cuja eficiência energética raramente ultrapassa 30%, os motores elétricos convertem mais de 85% da energia armazenada em tração útil. Essa diferença, embora possa parecer um número frio, traduz-se em ganhos palpáveis: menor desperdício, menor custo por quilômetro rodado e, sobretudo, um impacto ambiental significativamente reduzido.

Eficiência e custo operacional

Enquanto o preço do combustível flutua sob influência de fatores geopolíticos e fiscais, a eletricidade oferece estabilidade maior, especialmente quando proveniente de fontes renováveis. Um autopropelido consome, em média, o equivalente a R$ 0,03 por quilômetro, contra R$ 0,20 ou mais em modelos a gasolina. Em uso urbano intenso, isso representa economias anuais que ultrapassam facilmente quatro dígitos.

A manutenção também se simplifica: sem óleo de motor, filtro de ar, velas de ignição ou sistema de escapamento, o intervalo e o custo de revisões caem drasticamente. O componente mais relevante é o conjunto de baterias – e mesmo ele, nas tecnologias de íons de lítio mais modernas, suporta de 1.000 a 3.000 ciclos completos de recarga, o que pode equivaler a mais de 10 anos de uso urbano diário.

Autonomia e perfil de uso

Embora o preconceito contra a autonomia ainda exista, as novas gerações de autopropelidos oferecem entre 100 e 250 km por carga – mais que suficiente para a rotina de deslocamento na maioria das cidades brasileiras. Para uso intermunicipal, pontos de recarga rápida, já presentes em rodovias estratégicas, reduzem o tempo de espera para cerca de 30 minutos.

O perfil de torque instantâneo do motor elétrico, disponível desde zero rotações, não apenas melhora a resposta em semáforos e retomadas, como também garante condução mais previsível e segura, especialmente em tráfego intenso.

Regulamentação e segurança

Com a recente atualização do Código de Trânsito Brasileiro, veículos elétricos de duas rodas estão sob regras mais claras, o que inclui exigências de uso de capacete, registro e licenciamento. Essa padronização normativa não só reforça a segurança viária como também prepara o terreno para uma expansão ordenada dessa frota.

Casal pilotando autopropelido com capacetes

Impacto ambiental e responsabilidade coletiva

Estudos indicam que, mesmo considerando a pegada de carbono da fabricação de baterias, um veículo elétrico passa a compensar ambientalmente seu ciclo de produção após rodar entre 15 mil e 30 mil quilômetros – uma marca facilmente alcançável em dois ou três anos de uso urbano regular. A partir daí, cada quilômetro percorrido representa uma economia direta na emissão de gases de efeito estufa e poluentes atmosféricos.

Não se trata de romantizar a eletrificação como solução única, mas de reconhecer que a lógica energética, econômica e ambiental caminha na mesma direção: trocar combustão por propulsão elétrica é mais do que uma escolha tecnológica, é uma escolha racional.