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Fluidos térmicos e o salto da recarga ultrarrápida: um marco na mobilidade elétrica

Brenda Lopes
22 de setembro de 2025
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A corrida pela redução do tempo de recarga dos veículos elétricos está ganhando novos capítulos. Recentemente, foi apresentada uma tecnologia baseada em fluidos térmicos capaz de permitir que um automóvel recarregue suas baterias em menos de dez minutos, um intervalo de tempo comparável ao abastecimento de veículos a combustão.

A proposta parte de um princípio técnico relevante: o gerenciamento térmico das baterias. Durante a recarga ultrarrápida, o fluxo intenso de corrente elétrica provoca aquecimento significativo nas células, podendo comprometer não apenas o desempenho, mas também a longevidade do sistema. É nesse ponto que o fluido refrigerante entra em cena.

Fluido EV
Fluído EV-Plus

O sistema utiliza um líquido de alta condutividade térmica, que circula junto ao módulo de baterias, absorvendo e dissipando o calor com eficiência. Diferente de soluções convencionais à base de ar forçado ou placas metálicas, o fluido otimiza a troca de calor em escala quase imediata, criando condições seguras para suportar correntes elevadas sem degradação acelerada.

Do ponto de vista técnico, o desafio não é apenas a velocidade de recarga, mas a estabilidade do processo. A densidade energética das baterias atuais — medida em Wh/kg — tem crescido progressivamente, o que exige sistemas de resfriamento cada vez mais sofisticados. A introdução de fluidos dedicados pode se tornar o elo entre a eletrônica de potência dos carregadores ultrarrápidos e a integridade físico-química das células de íon-lítio.

Posto de carregamento Shell
Posto de carregamento Shell

Outro aspecto importante é a escalabilidade. Para que a tecnologia seja viável, é necessário compatibilizar o novo sistema com diferentes arquiteturas de baterias, desde packs de veículos urbanos compactos até os módulos robustos de SUVs elétricos de longa autonomia. Isso implica em desenvolver padrões técnicos capazes de dialogar com a indústria de carregamento já existente, sem criar barreiras de adoção.

O impacto potencial é evidente: reduzir o tempo de recarga a níveis próximos ao abastecimento tradicional poderia dissolver uma das últimas grandes resistências à mobilidade elétrica em larga escala. Mas há também questões abertas, como custo de implementação, manutenção e adaptação da infraestrutura atual.

Mais do que uma promessa tecnológica, os fluidos térmicos podem marcar a transição entre o estágio experimental e o cotidiano da recarga ultrarrápida. Não como uma ruptura imediata, mas como um refinamento que responde a uma pergunta central: como acelerar sem comprometer a durabilidade?