A reinvenção do passado, quando guiada por engenhosidade e respeito ao design original, costuma render resultados notáveis. No universo da mobilidade elétrica, a Beachman 64 surge como exemplar desse fenômeno: uma motocicleta que evoca a aura rebelde das café racers dos anos 1960, mas utiliza o silêncio e a eficiência do século XXI para transitar pelas cidades contemporâneas.
A Beachman 64 nasce de uma proposta clara — harmonizar a nostalgia do visual clássico com soluções técnicas modernas, oferecendo uma experiência que é, ao mesmo tempo, afetiva e funcional. Seu quadro em aço tubular, pintura fosca, tanque esguio e assento monoposto recortado remetem ao estilo artesanal e esportivo das motos que povoaram as ruas de Londres há seis décadas. A carenagem minimalista, os paralamas encurtados e a geometria das rodas aramadas confirmam que cada elemento foi desenhado para contar uma história.
Mas a herança visual encontra o futuro assim que o motor elétrico entra em ação. O propulsor brushless montado no cubo da roda traseira entrega 5,5 kW de potência máxima, suficiente para garantir aceleração ágil e velocidade final de até 70 km/h — valor pensado para o uso urbano, sem abrir mão da esportividade. O torque imediato, característica inerente à eletrificação, proporciona respostas rápidas e uma pilotagem envolvente, ao passo que o baixo centro de gravidade aumenta a sensação de controle em cada curva.
A bateria de íons de lítio, de 2,4 kWh, é discretamente acomodada sob o falso tanque, permitindo até 88 km de autonomia em ciclo urbano, com possibilidade de recarga em tomadas convencionais em cerca de 4 horas. O sistema de gerenciamento eletrônico (BMS) otimiza a descarga, protegendo as células contra sobrecarga e prolongando a vida útil — um detalhe crucial para quem busca eficiência e durabilidade sem comprometer a estética retrô.
A Beachman 64 oferece ergonomia alinhada ao conceito café racer, com guidão baixo, comandos recuados e posição de pilotagem levemente inclinada à frente. O conjunto de suspensão telescópica na dianteira e duplo amortecimento na traseira entrega conforto em pisos irregulares, enquanto o sistema de freios a disco ventilado nas duas rodas garante desaceleração progressiva e segura, característica fundamental em ambientes urbanos imprevisíveis.
A interface é sutil: o painel digital minimalista informa velocidade, carga da bateria e modo de condução. Não há menus excessivos ou telas complexas — apenas o essencial, em sintonia com o espírito analógico que inspira o projeto.
A Beachman 64 vai além do modismo neo-retro. Ela propõe uma reflexão sobre a mobilidade: é possível, sim, conjugar alma clássica e cérebro elétrico, criando um produto que fala tanto à memória quanto ao desejo de inovação. Uma moto pensada para quem aprecia o detalhe, valoriza o silêncio e escolhe um deslocamento que seja mais do que rotina — quase um manifesto sobre rodas.
