BR na Vanguarda: 75% dos Consumidores Planejam Migrar para Veículos Elétricos até 2029

Por Erik Perin
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O Brasil está prestes a acelerar de vez rumo ao futuro da mobilidade. Segundo a pesquisa global “Rumo à Mobilidade Elétrica – Expectativas e prontidão dos consumidores para a era dos veículos elétricos”, conduzida pela Strategy&, braço estratégico da PwC, um impressionante 75% dos consumidores brasileiros afirmam ter intenção de adquirir um veículo elétrico (VE) até 2029. O número não apenas supera a média global de 62%, como posiciona o Brasil na liderança latino-americana da transição para tecnologias limpas no setor automotivo.
Essa expectativa não surge por acaso: ela é fruto da convergência entre consciência ambiental, avanços tecnológicos e mudanças no perfil de consumo. O desejo crescente por soluções sustentáveis impulsiona a popularidade dos VEs, em especial nas economias em desenvolvimento, como Brasil, China, Índia e Indonésia — que apresentam taxas de intenção de compra que ultrapassam os 80% em algumas regiões.
O que motiva o brasileiro a querer um veículo elétrico?
O brasileiro médio, segundo o estudo, já percebe claramente as vantagens práticas e econômicas de um carro elétrico:
- Economia de combustível: com a eletricidade custando bem menos por quilômetro rodado do que a gasolina ou etanol, os VEs se tornam cada vez mais atrativos para quem roda muito no dia a dia.
- Recarregamento doméstico: a possibilidade de carregar o carro na garagem, como se fosse um smartphone, agrada especialmente quem busca conveniência e controle.
- Menor impacto ambiental: a consciência sobre as mudanças climáticas e o compromisso individual com a redução de emissões são crescentes.
Esses fatores se somam à percepção de que veículos elétricos representam uma experiência superior de direção: silenciosos, suaves, com aceleração instantânea e menos vibração.
Mas como funcionam os carros elétricos, na prática?
Para os menos familiarizados, um veículo elétrico (VE) funciona com um motor elétrico alimentado por uma bateria de íon-lítio, substituindo o motor a combustão. Esse motor é alimentado por energia elétrica armazenada, que pode ser recarregada através de:
- Carregadores domésticos (geralmente em corrente alternada – AC), ideais para carregar à noite com potência média de 3,6 a 7,4 kW;
- Carregadores rápidos públicos (corrente contínua – DC), com potência de 50 kW até 350 kW, capazes de carregar 80% da bateria em menos de 30 minutos;
- Eletropostos ultrarrápidos (acima de 500 kW), voltados para caminhões e frotas pesadas, como os recentes projetos da BYD e Huawei.
A manutenção também é consideravelmente menor: sem trocas de óleo, correias, filtros ou escapamento. O sistema de frenagem regenerativa, comum em VEs, ainda contribui para o carregamento da bateria enquanto reduz o desgaste dos freios.
Os desafios ainda são reais
Apesar do entusiasmo e da tendência de crescimento, a PwC destaca gargalos que ainda limitam a popularização dos veículos elétricos no Brasil:
- Infraestrutura de recarga insuficiente: 65% dos usuários globais de VEs ainda dependem de soluções privadas (como carregadores em casa ou no trabalho), o que restringe o uso para quem mora em apartamento ou não tem garagem.
- Preço elevado: o custo de aquisição de um VE novo ainda é superior ao de um veículo a combustão, apesar da queda gradual dos preços nos últimos anos e da tendência global de barateamento das baterias.
- Carga tributária e incentivos limitados no Brasil: diferentemente de países como Noruega ou China, onde há subsídios diretos e isenções fiscais, no Brasil os incentivos ainda são tímidos e variam entre estados.
E o papel do Brasil na transição energética?
O sócio e líder da área de Energia da PwC, Adriano Correia, afirma que a eletrificação veicular será peça-chave para atingir os compromissos firmados pelo Brasil no Acordo de Paris, especialmente em relação à redução das emissões de carbono até 2030.
“O crescimento da mobilidade elétrica é uma das rotas mais promissoras para a descarbonização do setor de transportes, hoje responsável por uma fatia considerável das emissões urbanas. O brasileiro já demonstra interesse real e alto índice de satisfação com os veículos elétricos — nenhum dos entrevistados que já possui um VE deseja voltar aos carros a combustão”, afirma Correia.
Conclusão: o Brasil está pronto?
A resposta é: quase. A demanda existe, a vontade é real, e a tecnologia está pronta. Mas para que a mobilidade elétrica se torne uma realidade de massa, será preciso vontade política, investimentos em infraestrutura e incentivos mais robustos. Se o setor público e privado andarem juntos, o Brasil pode se tornar líder regional na eletromobilidade — e referência global em transição sustentável.